Êxtase de Santa Cecília, Rafael Sanzio

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Êxtase de Santa Cecília, Rafael Sanzio
   

Esta obra pertence ao gênero religioso denominado “sacra conversazione”. Assim se conhecem os quadros que, como este, representam uma cena composta de vários santos que se distinguem pelos atributos iconográficos próprios de sua lenda. A figura principal da composição é Santa Cecília, a cujos pés estão abandonados os instrumentos musicais, exceto o órgão, sustentado vagamente em suas mãos, ela olha para o céu onde entre as nuvens aparece um coro de anjos.

Ao seu redor estão São Paulo, em atitude pensativa, São João Evangelista, cujo olhar se encontra com o de São Agostinho, e Santa Maria Madalena, que olha para o espectador.

Esta obra foi encomendada a Rafael, em 1515, por Helena Duglioli dall’Olio, grande devota da santa, para a capela familiar na igreja de São Giovanni in Monte, da mesma cidade. Em 1798, o quadro foi levado a Paris com o saque napoleônico, passou-se da tábua à tela em 1801, sendo restituída a Bolonha em 1815, conservando-se desde então na Pinacoteca Nacional desta cidade.

Com esta obra, Rafael instaura uma tipologia de quadro de altar inovadora, tanto pela introdução de certa atitude afetiva na representação dos santos, como pela eliminação da figura da divindade.

Ao invés de criar uma imagem visual típica que leve à devoção, ele trata de mostrar ao espectador o sentimento devoto e a fé que os santos representados possuem no seu interior. Devido a esta visão interiorizada do tema, as figuras mostram um extremo e sossegado recato em suas expressões e uma atenuação do movimento.

Rafael divide a composição em dois registros: o celestial e o mundano. Este último possui um notável aspecto arquitetônico devido à monumentalidade do sólido e estável conjunto que as cinco figuras conformam.

Estas se conectam com a cena do coro celestial através do olhar que Santa Cecília dirige a este e também por meio do cajado de Santo Agostinho. Para relacionar o espectador com esta visão de êxtase ultra mundana o artista dirige o olhar da Madalena para fora do quadro.

Esta obra supõe uma nova concepção da representação de santos que significará uma transformação na iconografia religiosa e terá repercussões substanciais para a arte posterior e especialmente para a pintura de altar.

Êxtase de Santa Cecília, 1513-14, 236 x 149 cm, óleo sobre tábua transportado para tela, Rafael Sanzio, Pinacoteca Nacional de Bolonha, Itália.

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