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Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical | Instituto Tomei Ohtake | SP

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“Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical”, como sugerem Luise Malmaceda e Paulo Miyada, curadores da exposição trata-se de uma imersão pela “estética do frio”, conceito elaborado pelo músico gaúcho Vitor Ramil em livro de título homônimo, cuja mediadora são as obras de Bakun, balizadas pelo apreço à paisagem cotidiana de uma Curitiba dos anos 1940, às vésperas de sua modernização e ainda atravessada por indícios de seu entorno rural.

“Trata-se de uma paisagem tantas vezes desconsiderada pelo imaginário eminentemente litorâneo, quente e praieiro de um país cujos cartões postais concentram-se ao norte do trópico de Capricórnio”, afirmam os curadores.

Segundo os curadores ainda, o pintor paranaense, ao depositar sobre tela ágeis pinceladas utilizando uma restrita paleta formada pelas cores amarela, azul e verde entremeadas por branco puro, foi capaz de materializar esse imaginário de Brasil adverso às representações da natureza exótica e vibrante historicamente interpretada por viajantes estrangeiros, ou mesmo pelo cânone moderno, e exportada como imagem-ideal do país.

Sem Título – Miguel Bakun

“Em pinturas de fatura energética, extrapolou a apreensão do real para formar estudos de uma paisagem interna amparada na subjetividade, disparadoras de reflexões sobre tempo, atenção, singeleza, interior, intuição e silêncio – protagonistas desta exposição, que costura nessa trama temporalidades e poéticas entre artistas de diferentes gerações”, completam.

Em diálogo com o artista protagonista, a exposição se divide em três grandes núcleos: um primeiro que contempla a especificidade da paisagem do Sul, sobretudo do Paraná, formado por obras de Alfredo Andersen (1869 – 1935), Bruno Lechowski (1887– 1941), Caio Reisewitz (1967 –) e Marcelo Moscheta (1976 –).

Um segundo dedicado a circunscrever Bakun no interior do modernismo brasileiro, ao lado de Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962), Alfredo Volpi (1896 – 1988), Iberê Camargo (1914 – 1994) e José Pancetti (1902 – 1998).

E um terceiro núcleo de artistas contemporâneos que, assim como Bakun, têm na paisagem fonte de inesgotável pesquisa, como Marina Camargo (1980 –), Lucas Arruda (1983 –) e Fernando Lindote (1960 –).

Miguel Bakun (Marechal Mallet, PR 1909 – Curitiba, PR, 1963) é considerado um dos principais artistas modernos do Paraná.

Autodidata, sua incursão nas artes plásticas se dá no final dos anos 1920 por influência do pintor José Pancetti, ambos marinheiros no Rio de Janeiro.

Em 1930 é desligado da Marinha e volta para Curitiba, onde trabalha em diversas frentes para manter o próprio sustento e inicia uma obra pictórica intensa.

No início dos anos 1940 instala ateliê em prédio cedido pela prefeitura a vários artistas, momento em que estabelece maior convívio com o meio cultural da cidade, que nunca o integrou plenamente.

É o período mais produtivo do artista: dedica-se à pintura de retratos, naturezas-mortas, marinhas, e, sobretudo, à pintura de paisagem.

A liberdade com a qual apreendeu a paisagem fez com que fosse superada sua complexa condição de trabalho, que incluía desde barreiras técnicas à precariedade dos materiais utilizados, como a paleta reduzida de cores e a tela preparada com estopa.

A combinação ousada de amarelos, azuis e verdes, bem como as pinceladas energéticas de densas massas de tinta, fizeram de Bakun um pioneiro da arte moderna no Paraná, ainda que tal reconhecimento tenha se dado postumamente.

A difícil situação econômica do artista, assim como a pouca penetrabilidade de sua produção do sistema de artes local, levou ao seu suicídio em 1963, aos 54 anos.

Instituto Tomie Ohtake. Rua dos Caropés, 88 – Pinheiros – São Paulo. Aberta de terça a domingo, das 11h às 20h. Até 26/05/19.

Fique atento. O horário pode ser modificado. Consulte o site oficial da instituição.

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