A obra corresponde à época na qual El Greco se instalara em Roma. Ele conseguiu introduzir-se dentro dos seletos ambientes intelectuais romanos, graças à proteção do humanista Giulio Clovio, que lhe apresenta ao círculo dos Farnese.
O motivo escolhido pelo cretense é dos mais corriqueiros: um menino acende uma vela no meio de uma total escuridão. El Greco trataria mais de uma vez este tema, tanto em Roma como em Castela, existindo outro quadro praticamente similar, pertencente a uma coleção particular. De outras vezes, a figura do menino aparece acompanhada, na penumbra, ora por um macaco, ora por um homem. Este tipo de cenas fazem parte de um repertório de motivos incorporados pelos artistas do Maneirismo. A inclusão em suas telas de fatos corriqueiros e cotidianos supõe uma faceta renovadora.
A protagonista absoluta desta composição é a luz. O artista submergiu a figura numa escuridão absoluta. Sobre um fundo neutro e indefinido aparece a imagem do menino. Sua figura vem condicionada pelo único foco de luz, proveniente da vela que ele está acendendo. O tratamento da iluminação que o pintor realiza sobre a tela lhe serve para modelar formas e volumes. Não se trata de delimitar com clareza os contornos, mas sim que estes fiquem suavemente matizados pela luz.
A mesma coisa acontece com a tonalidade cromática. Esta é reduzida às cores douradas, sofrendo uma gradação tonal em função da iluminação da composição. O colorido com o qual se trata o modelo, contrasta de maneira muito chocante com o preto do fundo, no qual parece fundir-se o personagem.
Do ponto de vista técnico e estilístico, não é somente destacável o acerto conseguido no tratamento claro-escuro. Também há que se chamar a atenção sobre certos traços próprios do estilo do pintor. Exemplo disso seria a estilização das formas que apresentam as mãos do personagem, assim como o fato de que o pintor lance mão de um único foco de luz. Esta, como em muitas outras obras posteriores, parte de um centro e se irradia ao seu redor.
O caráter insubstancial e corriqueiro do motivo faz parte do processo de renovação temática que sofre a pintura durante o Maneirismo, superando a rigidez e a idealização, herdadas do Renascimento.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de El Grego experimente fazer uma releitura dele ou crie uma composição com fundo escuro onde a luz seja a protagonista da obra, usando o material colorido que você mais gostar.
Fotografe seu trabalho e compartilhe sua experiência conosco, nas redes sociais, usando a #historiadasartestalento