A intensa e patética comoção de algumas das obras sacras de El Greco é como que um timbre dolorido que parece vibrar do interior da tela e reverberar até o observador. Na última fase da sua carreira, já longe das influências do classicismo italiano e mais livre depois de ter consolidado a sua fama, o pintor expressou a inspiração mística que emergia do seu espírito.
Aqui todas as figuras estão projetadas num espaço vazio irreal, sem fundo, com cores fosforescentes e gestos fixos, quase numa espécie de grandiosa reedição dos ícones bizantinos que admirou e copiou na sua juventude cretense.
Neste grande retábulo de altar, de impressionante impacto emocional, a atmosfera está de tal forma carregada de misticismo que as figuras parecem perder o peso corpóreo, como os dois anjos de asas impalpáveis que recolhem o sangue das mãos de Cristo.
Datada pelos estudiosos com anos diversos, a tela evidencia, pelo formato vertical muito alongado, o percurso obrigatório da visão e uma temporalidade prolongada, com sequências, acelerações, pausas, interrupções.
Na busca constante de formas inéditas de representação, El Greco inova o seu poder de sugestão: como acontece nesta obra, aparentemente fiel a um esquema icônico habitual, através da definição de figuras alongadas, que culmina no anjo de costas, surpreendentemente suspenso aos pés da cruz.
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