Vicente do Rego Monteiro nasceu no Recife, no dia 19 de dezembro de 1899. Filho de Ildefonso do Rego Monteiro e Elisa Cândida Figueredo Melo, prima do pintor Pedro Américo, desde cedo demonstrou vocação para a pintura.
Iniciou-se nesta arte sob a orientação de sua irmã, também pintora Fédora do Rego Monteiro. Em 1911 mudou-se para Paris, onde estudou na Académie Julian, e frequentou a Académie Colarosi e a Académie de la Grande Chaumière. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, voltou ao Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro.
Em 1920 realizou uma exposição de quadros, explorando motivos indígenas, que foi considerada pela crítica como futurista. Aproximou-se da corrente modernista de pintura de São Paulo, especialmente de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, além do romancista Oswald de Andrade.
Vicente do Rego Monteiro voltou à Paris e, em 1922 viajou por diversos países da Europa, em companhia de seu amigo o sociólogo e escritor Gilberto Freire. De volta ao Recife, passou a colaborar com o jornal de extrema direita – Fronteiras. Em 1923, faz desenhos de máscaras e figurinos para o balé Legendes Indiennes de Lamazonie.
Em 1930, depois de uma longa estada em Paris, veio ao Brasil trazendo a exposição da escola de Paris a Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Exposição que inclui, entre outros, quadros de Pablo Picasso, Georges Braque, Joan Miró, Gino Severini, Fernand Léger e suas próprias obras.
Essa exposição é importante por ser a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil, com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Ao ser apresentada em São Paulo, a mostra foi acrescida de telas de Tarsila do Amaral , que o artista conhecera em Paris na década anterior.
Adorava carros e em 1931 disputou o Grand Prix do Automóvel Clube da França, tinha gosto pela engenharia mecânica e construiu um planador.
Com o Estado Novo, em 1938, foi nomeado diretor da Imprensa Oficial e professor de desenho do Ginásio Pernambucano, pelo então interventor Agamenon Magalhães. Nesse período tentou ser produtor de aguardente no engenho Várzea Grande e produtor cinematográfico. Alguns de seus filmes foram exibidos na França.
Em 1939, editou junto com Edgar Fernandes, a “Revista Renovação”, dedicada à educação popular.
Promoveu no Recife e em Paris Congressos de poesia, com a colaboração dos poetas João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Carlos Moreira e Edson Régis.
Entre os anos de 1946 e 1957 viveu em constantes viagens entre Paris, Rio de Janeiro e São Paulo. De volta ao Recife foi contratado professor da Escola de Belas Artes. Passou a colaborar com o Jornal do Comércio. Em 1966, transferiu-se para Brasília, onde assumiu o cargo de professor do Instituto Central de Artes.
Seus quadros foram expostos em museus nacionais e internacionais. Foi também escultor e poeta. A pintura de Vicente do Rego Monteiro é marcada pela sinuosidade e sensualidade. Contido nas cores e contrastes, as obras do artista nos reportam a um clima místico e metafísico.
A temática religiosa é frequente em sua pintura, chegando a pintar cenas do Novo Testamento, com figuras que, pela densidade e volume, se aproximam da escultura.
“Minha pintura não poderia existir antes do cubismo, que me legou as noções de construção, luz e formas. Minhas influências: O futurismo, o cubismo, a estampa japonesa, a arte negra, a escola de Paris, nosso barroco, e sobretudo a arte do nosso ameríndio na ilha de Marajó.” In: “Vicente do Rego Monteiro – Pintor e Poeta”; Gilberto Freire et alii; 5ª. Cor Editores; RJ, 1994
A obra de Vicente do Rego Monteiro integra importantes acervos de museus brasileiros e europeus.
Vicente do Rego Monteiro faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 5 de junho de 1970.