O Museu de Arte Moderna de São Paulo abriu ontem a exposição Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna, apresentando cerca de 70 obras representativas da trajetória de um dos mais importantes nomes da arte brasileira do século XX. Para retratar a vasta produção da pintora, desenhista, gravadora e professora Anita Malfatti (São Paulo – SP, 1889 – 1964), a curadora Regina Teixeira de Barros concebeu a mostra como uma homenagem ao centenário da exposição inaugural do modernismo brasileiro, uma individual de Anita aberta em dezembro de 1917, e que recebeu severa crítica do conservador Monteiro Lobato na ocasião.
A mostra do MAM exibe desenhos e pinturas que ilustram retratos, paisagens e nus de três fases distintas da trajetória artística, expostas ao lado de fotografias e documentos da época como cartas, convites e catálogos.
Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna
No MAM, a mostra Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna conta com obras que abrangem diversos aspectos da produção, apresentando uma artista sensível às tendências e discussões em pauta ao longo da primeira metade do século XX.
A exposição tem como finalidade apresentar um recorte da trajetória de Anita, dividindo em três momentos: os anos iniciais que a consagraram como o “estopim do modernismo brasileiro”; a época de estudos em Paris e a produção naturalista; e, por fim, as pinturas com temas populares.
A exposição inicia com um conjunto de trabalhos realizados na Alemanha, seguido de retratos e paisagens expressionistas exibidos em 1917, que causaram grande impacto no, até então, tradicional meio paulistano, entre as quais os óleos sobre tela O japonês (1915/16), Uma estudante (1915/16), O farol (1915) e Paisagem (amarela) Monhegan (1915).
Desse período também consta um conjunto de desenhos a carvão, composto de nus masculinos e retratos.
Entre a primeira e a segunda parte da mostra, sobressai o interesse pela temática nacional, onde figuram trabalhos famosos como Tropical (c.1916), O homem de sete cores (1915/16) e Figura feminina (1921/22).
Além desses, constam obras realizadas a partir do convívio com os modernistas como o pastel Retrato de Tarsila (1919/20), a pintura As margaridas de Mário (1922) e o célebre desenho O grupo dos cinco (1922), que retrata os modernistas Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e a própria Anita Malfatti.
No segundo nicho são apresentados os frutos dos anos de estudo em Paris, que representam uma fase mais naturalista em que são produzidas paisagens europeias como nas pinturas a óleo Porto de Mônaco (c. 1925) e Paisagem de Pirineus, Cauterets (1926), e nas aquarelas Veneza, Canal (c.1924), Vista do Fort Antoine em Mônaco (c. 1925), somados a desenhos de nus feitos com linhas finas e suaves na década de 1920. São desse período também pinturas singulares como Interior de Mônaco (c. 1925) e Chanson de Montmartre (1926).
Para finalizar, a terceira parte engloba trabalhos realizados nos anos 1930-40, época em que a artista se dedicou a retratar familiares, amigos e membros da elite, além de temas populares.
Destacam-se as obras Liliana Maria (1935-1937) e Retrato de A.M.G. (c. 1933), em que figuram sua sobrinha e o amigo Antônio Marino Gouveia, ambas com tratamento naturalista. Na primeira, o fundo neutro é substituído por uma paisagem à maneira renascentista; na segunda registra uma de suas pinturas que pertencia à coleção do retratado.
Nessa fase, apresentam-se ainda paisagens interioranas e temáticas populares como em Trenzinho (déc. 1940), O Samba (c. 1945), Na porta da venda (déc. 1940-50). A mostra se encerra com pinturas aparentemente naif e reveladores da habitual ousadia da artista, em que utiliza cores fortes para criar espaços mais achatados como em Composição (c.1955) e Vida na roça (c.1956).
Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna. Museu de Arte Moderna de São Paulo – Grande Sala. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Parque Ibirapuera (Portões próximos: 2 e 3) – São Paulo. Entrada R$ 6,00. Gratuita aos sábados. Aberta de terça a domingo, das 10h às 17h30. Até 30/04/17.