Este é outro dos afrescos que Rafael pintou para a Stanza d’Eliodoro e que subsituiu o pintado no século 15 por Piero della Francesca, no mesmo muro. A obra ilustra um acontecimento milagroso tomado do livro dos Atos dos Apóstolos.
Rafael usa extraordinária habilidade para plasmar em simples imagens os instantes principais da paisagem apostólica, que literalmente conta: “A noite anterior ao dia em que Herodes se propunha mostrar Pedro ao povo, estando ele dormindo entre os soldados, preso com duas correntes e guardada a porta da prisão por sentinelas, um anjo do Senhor se apresentou no calabouço que ficou iluminado; e, golpeando Pedro nas costas, despertou-o dizendo: Levanta-te logo; e se caíram as correntes de suas mãos. O anjo completou: Viste-te e calça-te as sandálias. E assim o fez. E juntou: Envolve-te em teu manto e segue-me. E saiu detrás dele. Não sabia Pedro se era realidade o que o anjo fazia; parecia-lhe uma visão.”
Neste afresco, Rafael cria o que se veio a considerar o “noturno mais espetacular de todo o século 16”, e, paradoxalmente, é a luz a grande protagonista desta obra.
Os efeitos de luz que o pintor de Urbino viera ensaiando nos afrescos anteriores da mesma Stanza d’Eliodoro, alcançam aqui uma vigorosa magnitude que se vê incrementada pelo contraste com a escuridão da cena noturna.
Rafael dispõe, além disso, do foco de luz sobrenatural e relampejante que irradia da auréola do anjo, o resplendor da tocha e da luz que atravessa as nuvens. Todos estes pontos luminosos se refletem e centelham nas armaduras e nos capacetes dos sentinelas dotando a composição de uma grande vivacidade.
A espaço onde o artista devia pintar a Libertação de São Pedro estava interrompida por uma janela central. Mas Rafael soube resolver isto de forma excelente ao utilizar esta irregularidade para criar uma composição na qual justapôs, segundo o procedimento da narração contínua, as diferentes partes do relato nos três cenários resultantes da estrutura arquitetônica que ideou a modo de cenário.
Desta maneira, a cena principal situa-se em cima da janela onde o anjo desperta Pedro e libera-o das correias. Nas laterais se desenvolvem as duas sequências posteriores a esta ação. À direita o anjo leva o Santo pela mão para fora da prisão, passando diante dos guardas que estão dormindo. À esquerda, esses mesmos guardas despertam e com surpreendentes sinais advertem que o prisioneiro fugiu, enquanto, no fundo da paisagem, começa a amanhecer; tal e como narrava a passagem: “Quando se fez de dia, produziu-se entre os soldados um pequeno alvoroço por não saberem onde estava Pedro.”
Agora que você sabe mais detalhes sobre essa obra de Rafael Sanzio, experimente desenvolver sua releitura sobre o tema, inspire-se nas características do Renascimento e crie uma cena mitológica, histórica ou religiosa, usando o material colorido que você mais gostar.
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