Esta exposição apresenta uma seleção de 63 obras que retratam as populações afro‑uruguaias como foram imaginadas pelo advogado, político e artista Pedro Figari (1861‑1938).
O título se refere também a uma de suas pinturas.
Para além da natureza, do erotismo e do mundo do trabalho, Figari representa as populações negras de seu país através de cenas da vida comum, que revelam a complexidade dos modos de vida daquelas pessoas.
Morando em Paris nos anos 1920 e 1930, o artista desenvolveu um trabalho em pintura marcado por pinceladas expressivas.
Este estilo ao mesmo tempo confere imprecisão ao desenho das figuras e seus rostos, e um sentido forte de coletividade às cenas, como se todos os elementos estivessem num mesmo plano simbólico.
Filho de imigrantes genoveses, Figari é o único artista branco que recebe uma exposição no MASP em 2018, no contexto de um ano todo da programação dedicado às histórias afro‑atlânticas, em torno dos “fluxos e refluxos” entre a África e as Américas, o Caribe, e também a Europa.
A exposição se divide em seis conjuntos que desdobram o tema do cotidiano.
No primeiro deles estão as danças e festividades, sendo a mais importante o candombe — dança emblemática das populações afro‑uruguaias, praticada em grupo, ao som de tambores.
O segundo conjunto apresenta o Dia de Reis, comemoração híbrida da festa católica dos Reis Magos, em pleno carnaval.
As cenas que compõem o terceiro conjunto se passam no interior dos ‘conventillos’, habitações coletivas que floresceram em Montevidéu entre o final do século 19 e início do 20.
No quarto conjunto estão os casamentos, e no quinto, as solenidades fúnebres.
Instituição tão funesta quanto a própria morte, a escravidão é representada no sexto conjunto.
O Uruguai foi aboliu a escravidão em 1842, 19 anos antes do nascimento de Figari e 46 anos antes de ser abolida no Brasil.
A rica cultura afro‑uruguaia representa a memória dos africanos forçados a migrar e escravizados na região, e também se constitui como importante resistência cultural, que unifica a comunidade e constrói sua identidade em oposição aos ideais racistas propostos pela sociedade colonial.
Figari tinha consciência da invisibilidade a que os negros de seu país eram submetidos e se empenhou em criar imagens vivas daquelas populações.
A exposição de Pedro Figari reafirma a importância desse pintor para a modernidade latino‑americana e é organizada pelo MASP, em parceria com o Museo Nacional de Artes Visuales e o Museo Figari, de Montevidéu.
Tem curadoria de Mariana Leme, curadora assistente do MASP, e Pablo Thiago Rocca, diretor do Museo Figari.
MASP. Avenida Paulista, 1578 – São Paulo – SP. Aberto de terça feira, das 10h às 20h e de quarta feira a domingo, das 10h às 18h. Até dia 10/02/19
Fique atento! O horário pode ser modificado. consulte o site oficial da instituição.