O quadro representa uma imagem característica do pintor, conhecido entre os seus contemporâneos pela expressividade psicológica das suas personagens sagradas, envoltas num clima de tão intensa devoção e piedade religiosa que foi conhecido como “el Divino”.
Na sua maturidade, Morales dedicou-se a figuras sagradas de meio busto, pintadas com tênues transições cromáticas, comoventes e afetivas, frequentemente executadas em inúmeras versões (O Museu do Prado conserva com efeito, outras variantes deste tema).
A sua arte é de tal modo influenciada por componentes italianos, especialmente lombardos – visíveis, por exemplo, nos rostos e na suave resolução do claro-escuro baseado em Leonardo -, que se supôs poder ter vivido algum tempo na Itália.
O pincel incisivo, reconhecível na descrição das roupagens, o alongamento das formas e a fria gama cromática mostram as influências maneiristas da sua formação juntamente com a influência flamenga, patente nas expressões dos protagonistas, absortos na sua recíproca contemplação, como que prenunciando a exaltação mística da arte espanhola do século 17.
A enorme popularidade da sua obra difundiu uma iconografia que conhecerá um grande eco na pintura religiosa da Espanha do século 17.
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