Durante a sua longa vida, Ticiano, que morreu aos oitenta e seis anos, alcançou e conservou um absoluto domínio da pintura graças à riqueza da sua paleta, à liberdade da textura e à invenção compositiva.
No decorrer dos anos, realizou inúmeros autorretratos, por vezes representa-se a si próprio em composições de conjunto, mas os únicos que chegaram aos nossos dias pertencem à última etapa da sua carreira. Esta é uma das últimas imagens que Ticiano deixou de si mesmo, comovente e intenso documento de um espírito.
A pintura apresenta-o de perfil, envelhecido, solitário, enfraquecido, mas com a mão direita apertando fortemente o pincel enquanto o vivo e agudo olhar parece examinar minunciosamente, além do tempo, a eternidade que o espera.
Sobre a veste escura cintila o ouro da corrente de duas voltas, insignia do título de Cavaleiro da Espora de Ouro, que recebeu de Carlos V em 1533. Algumas pinceladas carregadas de tinta definem os pontos de máxima luz sobre as contas do colar.
Inteiramente abordada com uma sinfonia de tonalidades escuras numa gama de negros e cinzentos interrompidos pelo branco do colarinho e pelo rosto pálido, a tela é um exemplo perfeito da sobriedade e essencialidade dos meios formais e da técnica do mestre veneziano: a destreza da mão ao mover-se com pincelada firme, quase de memória e sem equivocar, deixando os detalhes totalmente privados de adornos.
Este excepcional autorretrato celebra a sua arte e as suas palavras: “Quem quer ser pintor deve conhecer três cores: o branco, o vermelho e o negro, e tê-las à mão.”
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Ticiano Vecellio, experimente fazer uma releitura dele ou criar seu autorretrato em perfil, usando o material que você mais gostar.
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