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Dama Sentada ao Virginal, Johannes Vermeer

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O quadro fazia parte, juntamente com a Dama de Pé ao Virginal, exposto ao lado na mesma galeria, de idêntica dimensão e tema semelhante, da coleção do crítico de arte francês Théophile Thoré, que em 1866 proporcionou a descoberta de Vermeer, esquecido há quase dois séculos na imensa produção holandesa.

A fama de Vermeer baseia-se em pouquíssimas obras, perto de trinta, executadas na cidade natal de Delft com meticulosa lentidão e refinada técnica, paralelamente à atividade de estalajadeiro e de negociante de arte.

Na sua maioria, os seus quadros encerram na luz natural e vibrante cenas da vida doméstica com silenciosos interiores habitados por figuras femininas solitárias (ainda que caiba recordar também duas extraordinárias vistas da cidade), nas quais as recordações da pintura flamenga do século 15, particularmente de Van Eyck, pelo uso da luz e pela execução de cada um dos detalhes, se fundem com um conhecimento atualizado dos modelos italianos e holandeses.

Assim acontece neste interior burguês: a luz lateral torneia todas as formas com exatidão geométrica e acaricia a superfície de cada matéria, desde a madeira dourada da moldura ao fundo até a crepitante seda azul do vestido, à pesada trama da cortina à esquerda.

O virginal é representado com exata precisão óptica. Trata-se de um instrumento de prestígio ricamente decorado e pintado, do gênero dos produzidos por Hans Ruckers e pelos seus sucessores. É possível que o quadro tenha sido encomendado por Diego Duarte, colecionador da Antuérpia, perito em instrumentos musicais.

O detalhe põe em evidência a delicadíssima execução das diversas superfícies dos objetos: as pernas do virginal são de madeira envernizada brilhante, para imitar o efeito e um mármore jaspeado, enquanto a luz desliza ao longo da cálida e polida estrutura de madeira da viola de gamba, esplêndida natureza-morta.

A expressão da jovem é interrogativa: parece esperar um comentário do observador e, dessa forma, envolve-se diretamente na cena representada. A invenção do “quadro dentro do quadro”, suspenso nas costas da jovem música, permite-nos identificar o autor: trata-se da Alcoviteira, do pintor holandês, seguidor de Caravaggio, Dirck van Baburen, hoje no Museu das Belas Artes de Boston, então na coleção do pintor, e que aparece também no Concerto, exposto no Isabella Stewart-Gardner Museum de Boston.

Este quadro pertence à National Gallery de Londres.

Dama Sentada ao Virginal, c.1670-72, óleo sobre tela, 51,5 cm x 45,5 cm, Johannes Vermeer, National Gallery, Londres.

pincel

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