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As Fiandeiras, Velázquez

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Chamado também de A Fábula de Aracne, esse quadro é uma interessante confirmação da atitude de Velázquez em face da mitologia: como nos seus quadros de juventude, nos quais o tema religioso era relegado para o fundo, também aqui a ação principal está em segundo plano, por comparação com a oficina de fiação, representada na imediata realidade cotidiana das meadas e das rocas, com um gato estendido entre os fios caídos.

O tema mitológico, extraído de As Metamorfoses de Ovídio, está ilustrado no tapete ao fundo da sala: Palas Ateneia (a Minerva romana), deusa da fiação, está prestes a transformar em aranha Aracne, famosa por sua habilidade no tear, por ter ousado desafiá-la na confecção de uma tela com o rapto de Europa. A cena do Rapto de Europa é uma fervorosa homenagem a Ticiano através da mediação de Rubens, que copiara, em Madri, o quadro do mestre veneziano.

A roca da velha fiandeira gira com tanta velocidade que se torna impossível ver os seus raios, enquanto a mão que lhe impele o movimento não passa de uma mancha de cor. A pintura de Velázquez aborda a representação visível dos corpos em movimento quase três séculos antes das tentativas feitas pelos seus colegas futuristas.

O corpo da jovem inclina-se flexível, de uma forma similar ao rodopio da roca. A posição das duas fiandeiras em primeiro plano inspira-se nas invenções de Michelangelo da Capela Sistina, que Velázquez admirou quando das suas estadas na Itália. Até 1948 a tela foi interpretada como um quadro de gênero que representava a atividade da oficina da Real Fábrica de Tapetes de Madri, frequentemente visitada por Velázquez enquanto hóspede da corte.

A composição é de extrema simplicidade sintética, com o tear lateral em diagonal, uma trabalhadora no centro em contraluz, que contrasta com o fundo iluminado pelo imenso raio de sol, e os planos escalonados até a sala realçada pelo tapete que é observado por jovens senhoras.

Velázquez mostra uma vez mais a sua grande liberdade pictórica nos empastes diretos da matéria, na vibração do pincel, no palpitante movimento dos corpos no trabalho e nas transações de densidade luminosa.

Na afadigada e silenciosa atmosfera e na sutil vibração do ar, parece poder respirar-se o pó vaporoso de lã e ouvir o ruído da roca girando.

As Fiandeiras, 1656-58, óleo sobre tela, 220 cm x 289 cm, Diego Velázquez, Museu do Prado, Madri.

pincelAgora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Velázquez, experimente desenhar e pintar uma cena mitológica, fazendo uma correlação com uma cena da realidade, usando o material colorido que você mais gostar.

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