Consideradas duas das principais instituições culturais da cidade, o Masp – Museu de Arte de São Paulo e o Instituto Tomie Ohtake uniram-se para realizar a megaexposição “Histórias Afro-Atlânticas”, que exibe mais de 400 obras, de 210 artistas nacionais e internacionais, sobre os “fluxos e refluxos” da escravidão dos povos atlânticos – termo derivado do fotógrafo Pierre Verger.
A mostra ocupa duas salas do Instituto Tomie Ohtake, já no Masp, a exposição ocupa todos os espaços expositivos temporários
A ideia de trazer as narrativas afro-atlânticas veio a partir de uma outra exposição feita por Schwarcz e Pedrosa no Tomie Ohtake em 2014, Histórias Mestiças.
“Desde aquela época, pensamos em desdobramentos interessantes, como a escravidão e a invasão europeia nas Américas”, explica Adriano.
“Desdobramos inicialmente em Histórias da Escravidão e Histórias Indígenas, uma exposição que está programada para 2021.”
A ideia de ampliar a discussão para narrativas afro-atlânticas veio após a realização de um seminário sobre o tema em 2016.
O seminário, aliás, foi o primeiro de vários eventos com a temática no Masp.
No museu, todo o ano de 2018 é dedicado ao tema, desde as exposições individuais, como de Maria Auxiliadora, encerrada em junho, e a de Rubem Valentim, programada para o próximo semestre, até palestras, eventos culturais e sessões de cinema.
O estudo curatorial para a mostra Histórias Afro-Atlânticas resultou também numa grande antologia textual, que será lançada junto com o catálogo da exposição, e reúne artigos e textos nacionais e internacionais sobre a questão, alguns traduzidos no Brasil pela primeira vez.
“Nos navios negreiros, vieram não só pessoas escravizadas, mas símbolos, culturas, religiões e filosofias”, explica uma das curadoras da exposição, a historiadora Lilia Moritz Schwarcz, que montou a grande mostra com mais quatro nomes, Adriano Pedrosa, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes e Tomás Toledo.
“Esse circuito, como definiu Pierre Verger, criou não apenas fluxos, mas também refluxos.”
As obras incluem pinturas, desenhos, esculturas, filmes, vídeos, instalações, fotografias, documentos e publicações de arte.
Esses materiais vêm não só do acervo do Masp e outras instituições brasileiras, mas de empréstimos em vários museus, com destaque para Metropolitan Museum (EUA), National Gallery of Art (EUA), Victoria and Albert Museum (Inglaterra), Museo Nacional de Bellas Artes de La Habana (Cuba), National Gallery of Jamaica (Jamaica), Musée du quai Branly (França), National Gallery of Denmark (Dinamarca), entre outros.
Alguns artistas em destaques são Emiliano Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Paul Cézanne, Arthur Bispo do Rosário, Pierre Verger, Abdias do Nascimento, Cícero Dias, Jacob Lawrence, Jaime Lauriano, Jean-Baptiste Debret, Andy Warhol, Joshua Reynolds, Kara Walker, Loïs Mailou Jones, Emory Douglas, Ernest Mancoba, Faith Ringgold, Frans Post, Gerard Sekoto, Rubem Valentim, Sıdney Amaral, Titus Kaphar, Toyin Odutola, Uche Okeke e Wilfredo Lam.
As obras da mostra estão organizadas a partir de vários núcleos temáticos, que podem ser visitados em qualquer ordem, sem qualquer recomendação.
No Instituto Tomie Ohtake, o visitante encontra os núcleos “Emancipações”, que mostra como a certeza da sonhada liberdade manteve-se firme mesmo durante toda a escravidão; e “Ativismos e Resistências”, com obras sobre a resistência à dominação, as lutas por direitos civis, o combate ao racismo e as contra narrativas de empoderamento e formação de espaços de sociabilidade negra.
Já o Masp tem os núcleos “Mapas e Margens”, sobre o trânsito entre a África, as Américas e o Caribe; “Cotidianos”, sobre a vida em diferentes contextos históricos antes e depois da escravidão; “Ritos e Ritos”, sobre as várias manifestações com influência da matriz africana (samba, carnaval, merengue, religiões, etc); “Retratos”, com representações de negros e negras em diferentes períodos históricos; “Modernismos Afro-Atlânticos”, com obras de artistas modernistas africanos, brasileiros, cubanos e norte-americanos; e “Rotas e Transes: África, Jamaica, Bahia”, com os temas transe, religiões, rastafari, hipismo e psicodelismo.
Masp. Avenida Paulista, 1578 – São Paulo – SP. Aberta de terça a domingo, das 10h às 17h30, exceto quinta, das 10h às 19h30.
Instituto Tomie Ohtake. Rua Coropés, 88 – São Paulo – SP Aberto de terça a domingo das 9h às 20h. Até 21/10/18.
Fique atento! O horário pode sofrer modificação. Consulte o site oficial da instituição.