Conta Vasari que Andrea del Sarto, assim chamado devido ao ofício de alfaiate (sarto, em italiano) do pai, pintou esse mesmo tema num formato maior (atualmente na Gemäldegalerie de Dresden) e teve que repeti-lo em tamanho menor, mas com idêntica perfeição, para Paolo de Terrarossa.
Muito provavelmente o quadro do Museu do Prado é a segunda versão – existe um esboço no Museum of Art de Cleveland – e pertence aos últimos anos de vida do pintor florentino.
A perfeição do desenho e o equilíbrio formal destacam-se no gesto energético de Abraão e na estremecida submissão do seu filho Isaac, assim como a serena inspiração naturalista na paisagem e nas roupas do rapaz atiradas pelo chão.
O artista concebeu a estrutura piramidal da composição a partir da vigorosa inclinação do braço tenso de Abraão, ao passo que, para a figura de Isaac – modelo de beleza anatômica de gosto clássico -, inspirou-se na contorcida postura de Laocoonte, a estátua helenística encontrada em Roma em 1506.
O contraste entre a serena resignação de Abrão, que obedece à ordem divina de sacrificar o filho, e o terror de Isaac perante a morte está claramente sublinhado pela diferença de escala entre as dimensões das duas figuras plasmadas no momento de supremo dramatismo.
A obra de Andrea del Sarto constituiu um importante ponto de referência para a geração de artistas mais jovens, como Pontorno, Rosso Fiorentino e Vasari, protagonistas da pintura maneirista.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Andrea del Sarto, experimente fazer uma releitura dele ou criar uma composição sobre uma passagem bíblica ou histórica com dramaticidade.
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