Este grande quadro é uma extraordinária prova da habilidade de Goya na composição de retratos de grupo, digna da tradição de Velázquez e Rembrandt.
É a imagem eloquente de uma monarquia no seu declínio, um desfile de máscaras quase espectrais, entre as quais aparece, em segundo plano, à esquerda, o pintor em frente a sua tela, numa posição totalmente incongruente.
O esplendor do conjunto contrasta com os obtusos, tolos, torpes e vazios rostos dos membros da família real, numa galeria de personagens com expressões afetadas e uma ridícula altivez.
As catorze figuras estão repartidas, como num tabuleiro de xadrez ideal, em dois quintetos equilibrados por referência à rainha Maria Luísa de Parma e ao rei Carlos IV, mas sobre eixos angulosos e com massas deslocadas, num movimento quase giratório desde grupo central, acentuado pelo fundo desigualmente distribuído das duas telas penduradas na parede.
A suntuosidade das roupas de cerimônia, das sedas, dos bordados a ouro e da prata das joias e das insígnias manifesta-se na sala, onde as densas sombras no chão acentuam o clima de inquietação e a expressão ansiosa refletidos na pose dos protagonistas.
Goya desvenda a crueldade, as violências contidas de temperamentos autocráticos e débeis, os vícios de uma estirpe em decadência.
Realidade e aparência entrechocam-se em mútuo e flagrante desacordo: só as crianças permanecem alheias à pretensiosa representação dos adultos.
Esta obra encontra-se no Museu do Prado em Madri.
![](https://i0.wp.com/www.historiadasartes.com/wp-content/uploads/2015/10/15.14FamiliaGoya.jpg?resize=520%2C434)
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Goya, experimente fazer uma releitura dele ou criar um retrato formal da sua família.
Fotografe seu trabalho e compartilhe sua experiência conosco, nas redes sociais, usando a #historiadasartestalento