É uma das suntuosas naturezas-mortas de Cézanne e vale como um inventário estético: a autonomia expressiva é total, não existindo nenhum intuito naturalista: os vários planos e perspectivas se somam numa antecipação cubista de sensações de cor e forma; tonalidades quentes – amarelo, ocre e vermelho – pulsam dentro do contorno sóbrio das circunferências que as limitam. Pintada em Aix, alguns dos objetos utilizados ainda estão preservados no estúdio do Chemin des Lauves.
A riqueza do desenho de Maçãs e Laranjas foi construída a partir das formas simples dos objetos do cotidiano, que Cézanne pintava continuamente no silêncio de seu estúdio.
O pintor não esconde o fato de que a tela é deliberadamente elaborada e artificial: os objetos parecem escorregar da mesa, que, por sua vez, é vista de um ângulo muito estranho.
As formas se apresentam distorcidas, na medida em que são mostradas de ângulos diferentes. O uso da distorção e de vários planos e perspectivas foi cuidadosamente estudado acentuando a diferença básica entre realidade e imaginário.
Cézanne incluiu esta jarra em muitas de suas naturezas-mortas, opondo as flores pintadas às frutas “reais”, numa espécie de jogo visual.
A cor define a forma das figuras. A maçã de baixo, à direita, por exemplo, foi criada pela sobreposição de cores matizadas que vão do vermelho intenso ao amarelo forte.
As dobras quase estruturais da toalha foram criada por sutil jogo de cores quentes e frias; tons de rosa e amarelo sugerem as saliências do tecido; os azuis e os verdes, as reentrâncias.
Agora que você sabe mais detalhes sobre esse quadro de Cézanne, experimente fazer uma releitura dele ou crie uma natureza-morta com objetos, tecidos e frutas usando cores intensas e quentes com o material colorido que você mais gostar.
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