O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli

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O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli
   

Este famoso quadro de Botticelli foi revolucionário em sua época, por ser a primeira pintura renascentista com tema exclusivamente leigo e mitológico.

A admiração pela Antiguidade clássica, isto é, pelas civilizações da Grécia e de Roma, era uma característica básica da Renascença, e foi um interesse compartilhado por muitos artistas, estudiosos, estadistas, comerciantes e colecionadores.

A família Médici foi um exemplo de patrono das artes, O Nascimento de  Vênus, representando um dos mitos clássicos mais pitorescos, nos transporta para um mundo de sonho e poesia. Vênus, ao centro está ladeada pelo Vento Oeste e por uma Hora que a acompanha. As figuras alongadas flutuam num fundo plano e simples como se fossem recortes de papel.

Vênus é uma das deusas mais importantes da Antiguidade, mas a lenda do seu nascimento no mar é trágica. Urano (o céu) e Gaia (a terra) haviam se unido para produzir os primeiros seres humanos, chamados Titãs. Mas um dos seus filhos, Cronos, ou Saturno (o tempo), castrou seu pai com uma foice. Jogou então seus genitais no mar, que com a espuma resultou o nascimento de Vênus. Note-se que Vênus é seu nome romano; os gregos a chamavam de Afrodite. É a deusa do amor, da beleza, do riso e do casamento.

Segundo certos relatos, Vênus surgiu em Pafos, na ilha de Chipre. Outras narrativas dizem que ela pousou em Citera, próximo à costa sul da Grécia. Ambas as ilhas foram dedicadas ao culto da deusa.

De acordo com a antiga mitologia, a rosa, que é a flor sagrada de Vênus, foi criada ao mesmo tempo que o nascimento da deusa do amor. A rosa, com sua encantadora beleza e fragrância, é o símbolo do amor. Seus espinhos nos lembram que o amor pode ferir.

Zéfiro, o Vento Oeste, é filho da Aurora. É a brisa suave da primavera que impele Vênus até a praia, e aqui aparece abraçado com sua consorte, Clóris.

A ninfa Clóris foi raptada por Zéfiro do jardim das Hespérides. Mas Zéfiro apaixonou-se por sua vítima, e ela consentiu ser sua esposa. Assim, a ninfa elevou-se ao nível de deusa e tornou-se Flora, que tinha perpétuo poder sobre as flores.

Os rostos pintados por Botticelli costumam ter uma expressão longínqua, como se estivessem recolhidos em seu mundo interior e perdidos em pensamentos.

As árvores de laranjeiras estão carregadas de flores brancas com pontas douradas. As folhas têm nervuras douradas e também os troncos têm toques dourados, de modo que o bosque parece inundado da divina presença de Vênus.

A Hora traz em torno da cintura um ramo de rosas cor-de-rosa. em torno dos ombros usa uma elegante guirlanda de mirta verde, símbolo do amor eterno. Ela avança elegantemente para receber Vênus. É uma das quatro Horas, espíritos que personificavam as estações do ano. Seu manto branco flutuante, bordado com flores delicadamente entrelaçadas, esvoaça ao vento. Ela representa a primavera, a estação do renascimento e da renovação.

Vênus parece feita de puro mármore e não de carne. Ela imita a pose de uma famosa estátua da Roma antiga; Botticelli faz assim uma referência erudita que com certeza seria reconhecida. Ele escolheu uma pose chamada “Vênus Pudica”, uma vez que a deusa esconde o corpo com as mãos. Outros artistas escolheram uma representação mais sensual, chamada “Vênus Anadyomene”, em que ela surge nua do mar, secando as longas tranças.

Botticelli não faz nenhum esforço para imitar ondas verdadeiras, mas usa o mar como uma oportunidade de criar um padrão decorativo. As formas estilizadas em V diminuem à medida que se afastam, mas se modificam ao pé da concha.

A técnica empregada no quadro é a têmpera e ele pertence à Galleria degli Uffizzi em Florença.

O Nascimento de Vênus, c.1484, 172,5 x 278,5 cm, têmpera sobre tela, Galleria degli Uffizzi, Florença.

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2 comentários em “O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli”.

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    1. Olá, Jaisson, agradecemos seu comentário. Continue visitando e compartilhando conosco suas experiências com arte. Abraço

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