Exposição Quem tem medo de Terezinha Soares?

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Exposição Quem tem medo de Terezinha Soares?
   

Inaugurando um eixo temático sobre sexualidade, que reunirá vasta programação de exposições, o MASP apresenta, até 06 de agosto de 2017, a exposição “Quem tem medo de Teresinha Soares?”, com mais de 50 obras do intenso período produtivo da artista mineira Teresinha Soares (Araxá, 1927), que se deu entre 1965 e 1976.

Esta será a primeira mostra panorâmica de Soares em um museu, tanto no Brasil quanto no exterior, e é também sua primeira grande individual em mais de 40 anos.

O título da mostra faz menção à célebre peça Quem tem medo de Virgina Woolf?, de Edward Albee, e faz referência aos tabus comportamentais que a obra de Teresinha Soares enfrenta ao se contrapor ao machismo da sociedade e do meio da arte.

Quem tem medo de Teresinha Soares? ocupa o 2º subsolo do museu com pinturas, desenhos, gravuras, caixas-objetos, relevos e instalações, além de documentação fotográfica sobre as performances e happenings pioneiros da artista.

A mostra procura trazer luz à produção pouco conhecida de uma das artistas brasileiras mais polêmicas e contestadoras dos anos 1960-70, que naquele período ocupou com grande destaque os meios de comunicação.

Personalidade feminina potente e emancipada, Soares é também escritora e defensora dos direitos das mulheres, somando à sua biografia o cargo de primeira vereadora eleita de sua cidade natal, além de miss, funcionária pública e professora.

Artista precursora ao abordar em seu trabalho temas de gênero, como a liberação sexual feminina, a violência contra a mulher, a maternidade e a prostituição, Soares também fez obras lidando com acontecimentos políticos, como na série de pinturas Vietnã (1968), em que apresenta uma original e irreverente abordagem sobre o tema.

Obra: Morra usando a legitima sandália – 1968

A representação do corpo é um dos motivos mais recorrentes da obra da artista, abrangendo desde o erotismo e o sexo, até o nascimento, a morte e a relação com a natureza.

Na obra Eurótica (1970), constituída de um álbum de serigrafias feito a partir de desenhos de linha e impresso em papéis de diferentes cores, uma variedade de posições sexuais se configura a partir de combinações de corpos em diferentes interações libidinosas.

A partir desses desenhos eróticos, Soares desenvolveu Corpo a corpo in cor-pus meus (1971), sua primeira grande instalação, que representa um marco em sua carreira.

A artista Terezinha Soares em uma das suas instalações.

Aberta à participação do espectador, a obra é composta de quatro módulos de alturas variadas, feitos de madeira pintada de branco, como uma espécie de tablado em forma sinuosa, que ocupam 24 m2 do espaço.

No dia da abertura, uma performance foi realizada para inaugurar a obra, assim como a que Soares realizou no Salão Nobre do Museu de Arte da Pampulha, em 1970, com a participação de bailarinos e a narração de um texto gravado por ela.

Embora seja possível relacionar a obra de Soares a algumas tendências dos anos 1960, como a arte pop global, o nouveau réalisme e a nova objetividade brasileira, a artista sempre insistiu em um caráter espontâneo e pessoal para sua linguagem.

Ainda hoje, seu trabalho é pouco conhecido do grande público brasileiro, apesar de Soares ter participado ativamente do circuito de arte por dez anos, tendo realizado exposições em galerias, salões e bienais.

Atualmente, tem cada vez mais integrado exposições internacionais que a contextualizam no marco da nova figuração dos anos 1960, bem como no da arte política: The EY Exhibition: The World Goes Pop (Tate Modern, Londres, 2015), Arte Vida (Rio de Janeiro, 2014) e Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 (Hammer Museum, Los Angeles, 2017).

Para o curador da exposição Rodrigo Moura, “se hoje seu trabalho começa a ser mais reconhecido, inclusive internacionalmente, uma exposição que acompanha sua trajetória de perto e analisa a evolução de sua linguagem contribui não apenas para esse reconhecimento, mas também para entender os mecanismos e as metodologias que informam uma prática feminista no contexto brasileiro daquele período.”

Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, comenta a relevância da mostra: “É um privilégio para o MASP apresentar a primeira exposição panorâmica da artista. Assim o museu cumpre um papel crucial, o de apresentar ao grande público uma obra que deve ser considerada e reinscrita na história recente da arte brasileira.”

Quem tem medo de Terezinha Soares? MASP. Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo – SP. Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h, exceto quinta, das 10h às 20h. Até 06/08/17.
Fique atento! Horários podem mudar sem aviso prévio. Consulte sempre os sites oficiais.

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