Diário íntimo de Anita Malfatti

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Diário íntimo de Anita Malfatti
   

Diário da artista desaparecido há mais de 30 anos, é reencontrado e virou a manchete de 21 de fevereiro de 2017.

Saber de detalhes do modo de vida ou ideias dos artistas sempre trazem um misto de curiosidade e de aprendizado.

Como por exemplo: neste diário, Anita Malfatti conta que na abertura de sua primeira exposição, em São Paulo, a artista vinha correndo pelo centro da cidade com etiquetas para enumerar as telas e pregos para afixar os cartazes anunciando de “estudos de Pintura”.

Anita Malfatti se atrasou também porque foi comprar sapatos novos para a abertura da exposição, que depois foi tão criticada por críticos e mecenas da época.

O diário desaparecido há quase trinta anos, em um caderno de capa preta com estudos de perspectivas, aulas de alemão, esboços de obras e relatos pessoais foi encontrado por acaso numa caixa do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, no mesmo dia que o Museu de Arte Moderna, no Ibirapuera, abria uma retrospectiva da artista, na mostra “Cem Anos de Arte Moderna”.

A coordenadora do Arquivo do IEB, Elisabete Ribas diz: “Esse é o único diário pessoal dela que a gente tem notícia……. A parte mais confessional, mais memorialística dela está concentrada nesse caderno e nas cartas que ela trocou com o Mário de Andrade.”

A correspondência trocada entre os artistas será editada pela Edusp.

O pesquisador Carlos Pires diz: “ Ela (Anita) é bem ácida, bem critica. Descreve esse mundo artístico e também uma situação muito brasileira pós escravidão, com esse paternalismo, a falta de estruturação de uma opinião autônoma. O diário é um documento central para entender a formação cultural na década de 1910, porque é escrito com bastante independência.”

O pesquisador Pires estava pesquisando este momento da história das artes no país e encontrou o diário nas caixas que pertenceram à Emilie Chamie, doadas para a USP e que não havia sido catalogado.

Novas luzes sobre o pensamento e a arte de Anita Malfatti quando da publicação do seu diário intimo, se somará à biografia da artista publicada em 1985 por Marta Rossetti, antiga diretora do IEB.

 

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